sexta-feira, 22 de julho de 2011

Encontro histórico Jovens do MJT e o Museólogo Balduino Lélis fazem grande debate sobre a cultural local, regional e sobre o Projeto Pontão de Cultura do Cariri.






“Esse dia foi um sonho realizado para mim,  dia onde eu ia ver os jovens vir até a mim com os mesmos ideais” com essas palavras os jovens do MJT foram recebidos pelo Museólogo Balduino Lelis, a ocasião foi registrada em uma entrevista exclusiva.

Na entrevista o intelectual, museólogo e figura respeitada da Cultura Paraibana Balduino Lélis fala de temas polêmicos, fala da cultura local e regional, da importância de ter os Jovens do  MJT como parceiros em alguns de seus projetos e da presença do Secretário Estadual Chico Cesar no evento, por fim mostra como os jovens podem  ajudar a resgatar a Cultura local.


“Esse momento que estamos registrando agora com a presença de vocês aqui é básico, mais que isso, ele é fundamental, vocês  do MJT me fazem lembrar que por volta de 1945, 1946, houve um Movimento Democrático para Redemocratização, onde os jovens foram pela primeira vez participantes ativos dessa ação, a queda de Getúlio e com isso a implantação de um novo Estado Democrático de Direito, por isso sempre os jovens aparecem em momentos que agente pensa que eles estão ausentes, nos jovens agente vê o entusiasmo, a capacidade de luta, a força física e também o abandono de certos valores que nós já envelhecidos e mastigados pelo tempo e pelos acontecimentos da vida acabamos se tornando mais precavidos, jovens cheios de amor e cheios de vontade de melhorar e isso faz bem a nossa nação, gostaria de deixar claro mais que simplesmente marcar presença no evento Pontão de Cultura do Cariri vocês jovens do MJT são nossos parceiros, na maneira que forem solícitos e solicitados e essa parceria é fundamental na luta do resgate da cultura Regional.” Balduino Lélis

“Essas lutas de vocês do Movimento Jovem de Taperoá é mais que nobre, ela é  esperançosa , quando os jovens partem para uma solução como vocês estão querendo partir, é porque vocês querem o melhor não só para si, mais para seus semelhantes. Vamos realizar o meu sonho que é a criação da Casa da Cultura do Cariri, vamos criar o Teatro de mamulengos e a nossa parceria é fundamental para isso acontecer, porque ninguém vai tirar de Taperoá a condição de indústria cultural, um de nossos projetos a ULT – (Universidade Leiga do Trabalho) tem como principal meta fixar o homem a terra.”  Balduino Lélis


 

 A ONG MJT (Movimento Jovem de Taperoá) nasceu da união de jovens e estudantes idealistas que sonham com o futuro melhor para seu município e região, os jovens vem sendo destaque pelas suas realizações na cidade de Taperoá no Cariri Paraibano.




ENTREVISTA  


JOVENS DO MJT: Quando o Senhor teve a idéia de realizar o Projeto Pontão de Cultura do Cariri, qual era o seu maior objetivo?

Balduino Lélis: O Pontão de Cultura do Cariri é só mais uma conseqüência de vários projetos que nós levamos adiante, ele é mais um, simplesmente mais um, é porque com Pontão ficou configurado a confiança do Ministério da Cultura na gente como gestores, quando assinei os convênios com os prefeitos, tornando a ULT gestora desses recursos, é porque nós passamos a merecer essa confiança perante o Ministério da Cultura, graças ao que nós fizemos antes, durante quase 30 anos, ou seja, nós fizemos irrigantes, pedreiros, nós fizemos marceneiros, nós fizemos eletricistas, nós fizemos pintores, restauramos móveis escolares, nós fizemos 10 (dez) dos 11 (onze) museus que a Paraíba tem, sem contar com a participação nossa em outras áreas, minha família foi preparada para dar continuidade a isso, como vocês estão se preparando para dar continuidade a essa idéia, que graças a Deus com o Pontão que vai gerenciar os recursos, que vai gerenciar os pontos de cultura em vários municípios, e que vai melhorar essa região que é a mais pobre do Brasil.


JOVENS DO MJT: Como os Jovens de Taperoá podem contribuir com o projeto e com o resgate da cultura local?

BALDUINO LÉLIS: Nós temos uma grande oportunidade, vocês se transformarão nos memorialistas das nossas ações, na hora que vocês coletar as danças que vocês me falaram, entrevistar o pessoal das cambindas, entrevistar o pessoal da zona rural, falando sobre as crendíces, falando sobre a alegria de viver, incentivando esse povo a formar clubes esportivos, a formar teatros, porque o mundo rural já é um teatro vivo é só vocês servirem de agentes culturais nesse processo.


JOVENS DO MJT: Como o Senhor avalia as políticas públicas na área de cultura do nosso município?

BALDUINO LÉLIS: A cultura em Taperoá chegou com o povo, porque a cultura pertence ao povo, governo não tem cultura, cultura é tudo aquilo que não é natural. O milho é cultura ou cultivo? É cultivo! Cultura é fazer pipoca com ele! o fubá e o cuscuz tudo veio lá da África, veio com o arroz, porque eles não conheciam o milho, porque o milho é daqui de nossa região, mais é um nome indígena, tupi, quer dizer, não é tupi é um nome de certa forma asteca. Cultura é tudo aquilo que não é natural, dançar é um ato de cultura, você andar é natural, você respirar é natural, mais você cantar é cultura. Você é objeto de cultura de um povo e agente cultural de uma massa, de um grupo de cultura, você nunca diz uma coisa de forma isolada, você quando diz você está repetindo o que o povo já diz, porque a cultura e como se fosse um livro de página sobre página, uma sobre a outra, formando um comportamento cultural.


JOVENS DO MJT:  Nós do MJT somos fãs do senhor e do seu trabalho, como o senhor ver nomes como Vital Farias, Abdias, Ariano Suassuna, Fuba de Taperoá e Manoelito Vilar entre outros; qual a importância desses nomes e como podemos mostrar aos jovens tamanha importância?


BALDUINO LÉLIS: Tá faltando ai um homem que foi uma pessoa muito importante aqui, aliás, em Pernambuco, mais nasceu aqui, chama-se Esdras Farias, em 1909 no esplendor do Teatro de Santa Isabel que era comandado por ele, quer dizer um Taperoaense..., um roteirista, apresentador e empresário, tudo isso era Esdras Farias, poeta, meretrista, ou seja, pessoa especial, como Esdras tem muitas pessoas que precisam ser mais pesquisadas, José Juvenal de Farias que era um pedreiro, ele quem construía os enredos, aqueles desenhos que tem na frente das casas, teve Josué, teve Geminiano que morava aqui na frente, foi quem construiu a igreja, o que vocês não sabem é que a igreja de São Sebastião foi vendida ao pároco da época por 04 (quatro) contos de réis, quer dizer essas histórias todas precisam vir à baila para poder agente ter idéia da riqueza de nossa cultura, tão pegando as casas antigas e estão botando cerâmica, fica parecendo um túmulo, não há necessidade, para crescer não precisa derrubar o velho para fazer o novo, é só tentar criar o novo sem destruir o velho.


JOVENS DO MJT:  O que o senhor achou da participação de alguns jovens do MJT no evento e como o senhor avalia a presença desses jovens que tão cedo se interessam pelo resgate da cultura local?

BALDUINO LÉLIS: O resgate da cultura local, isso ai já é o produto da nossa conversa, eu acabei de dizer que se nós somos capazes de motivar os jovens a serem como nós, preservadores dos bens culturais da nossa terra, da nossa história, da formação do nosso museu, de criar um memorial aqui para nossa terra, contando nossas histórias isso já é um incentivo e a prova do porque nós somos uma massa, só há uma diferença a idade.


JOVENS DO MJT: Nós somos parceiros da Comissão Pró-Selo UNICEF que tem como projeto o incentivo ao resgate a cultura Afro-Brasileira nas escolas, o incentivo as quadrilhas, criação de grupos de dança e ultimamente está desenvolvendo o Projeto do Tributo a Abdias, como o senhor vê essas iniciativas?


Balduino Lélis: O Abdias deve ser lembrado como todos os outros, como Fuba também, porque tem muitos Abdias aqui perdidos dentro do mato, ou seja, muita gente, entre esses vocês mesmos, tem pessoas que são jovens quando começam, os jovens que começam justamente quando estão mudando os hormônios, porque o homem é um produto legitimamente hormonal, homem tem que ter consciência daquilo que está fazendo, ou o que quer fazer, ou seja, no lugar aonde quer chegar, e ele para poder saber para onde vai, é preciso que ele saiba antes de aonde veio, e com quem veio, para dai decidir para onde dever ir, agora para onde ele dever ir se não conseguir ser , ele precisa sair daqui para outros lugares, outras cidades são iguais exatamente a nossa terra, com toda grandeza que eles têm lá, a nossa riqueza é tão grande quanto à riqueza deles, para eles na cidade deles não tem o que nós temos aqui, nós conhecemos uns aos outros, amamos uns aos outros, mais agente ama as pessoas pelo que elas são, veja bem que aqui é que até os nomes das pessoas tem direção certa, Zé de Julha, todo mundo conhece Julha, embora que saiba que o nome dele é outro, são coisas parecidas com isso que vamos ter no nosso memorial, aqui é a terra onde existe tanta intimidade com os hábitos e costumes das pessoas, que vemos que cada pessoa aqui tem um apelido, aqui tem doutor que nunca foi na universidade, aqui tem prefeito que nunca foi eleito, tem manequim que nunca desfilou, vocês entenderam. Cada dia, um de nós conhecemos e colocamos uma forma de dizer aquilo que queremos dizer, somos emanados de conhecimentos e de costumes, não é a fantasia de dizer, eu estou morando no edifício tal, e quem é do apartamento 202? E você do 201? Sim sou 201 e quem mora no 202?... Não sei!, eu passo por ela e não sei, ou seja são pessoas que não se conhecem.


Jovens do MJT: Como o senhor avalia o grupo de jovens do Movimento Jovem de Taperoá e como o senhor vê as ações desenvolvidas pelo grupo?


Balduino Lélis: Essas ações são mais que necessárias, conseqüentemente eu teria que aplaudir todas elas, as de hoje e as do futuro, porque dos jovens a gente só podem esperar boas coisas, porque eles formarão o futuro, vocês representam o futuro embora que no tempo, isso não exista, nem passado, nem futuro, nem presente, o tempo não existe, o tempo é o senhor dos acontecimentos e quanto à questão de certas posições,  não esqueçam de dar créditos a todas as religiões profetizadas, porque elas só tem um objetivo, os católicos, os evangélicos, as umbandas e etc e tal. Tem sempre um Deus que esconde uma vontade do homem se eternizar, não morrer, que a vida do homem é muito curta, uma tartaruga vive 400 anos enquanto o homem 120.

JOVENS DO MJT:  Como podemos ajudar a abrilhantar ainda mais os projetos?


BALDUINO LÉLIS: De todas as formas e de todas as maneiras em que vocês sejam solícitos e solicitados, solícitos quando vocês se oferecerem e solicitados quando nós precisarmos, solicitados eu digo por antecipação vocês sempre serão a cada momento e a cada instante, porque tudo que nós fizermos na ULT (Universidade Leiga do Trabalho) na certa estará direcionando a vocês, então contem com está convicção, que tudo que nós queremos fazer é para juventude se transformar numa velhice calma, tranqüila e duradoura e acima de tudo respeitada pelos jovens, motivo de orgulho para nós,  levem de seu pai, seu avô, seu bisavô, a lembrança permanente de que nuca vão cai no esquecimento, principalmente quando se sepulta e joga-se terra, porque muitas vezes também a terra é jogada em nossa memória.


JOVENS DO MJT:  O Projeto Pontão de Cultura do Cariri está aberto a todos que queiram ajudar na cultura de Taperoá?

BALDUINO LÉLIS: Evidente, evidente você só tem um caminho de ter respostas mais consubstanciadas, e quando você tiver de buscar a nós lá em cima, ou seja, falando com nossos diretores, nossos companheiros que vão está para discutir juntos, onde é que podemos fazer, inclusive onde é que podemos ajudar e onde é que podemos ser ajudado, eu já digo logo que nesse departamento nós vamos fazer a Casa de Cultura mesmo já sendo uma Casa de Cultura.


JOVENS DO MJT:  O Projeto Pontão de Cultura pode ser integrado ao evento Encontro dos Povos do Cariri?


BALDUINO LÉLIS: Já é integrado o Encontro dos Povos do Cariri inclusive é outro projeto nosso, fomos nós que criamos também.


JOVENS DO MJT:  Qual o grau de importância da presença do Secretário Estadual de Cultura Chico Cesar no evento?

BALDUINO LÉLIS: Ele é a presença de governo, ou seja, o representante do governador e o governador por sua vez representando o povo, então cabe a ele dizer pra que veio e cabe ao povo separar as histórias e caminhar juntos e não ver as coisas de partido, ver apenas as coisas de inteiro ajudando  ao inteiro.


JOVENS DO MJT:  Qual a mensagem que o senhor deixa, para os jovens e para todos que lutam pela cultura?

BALDUINO LÉLIS: Posso e acabo de admitir que é a cultura a única riqueza que nós possuímos, é a cultura, é o povo, não procure outra por que não existe e em nome dele eu encerro a entrevista porque sou um homem do povo, essencialmente do povo.









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